09 março, 2012

No dique abandonado, acampamento de nômades

     Ia começar esta nota falando no polder do PI-5, mas fui conferir esta designação que vem sendo usada há vários anos e constatei que não tem nada a ver com a obra e a situação aqui de Blumenau. Polder é com os holandeses e a ocupação de terras que eram mar. Então, é o dique da Fortaleza. Pois é, está abandonado, como já mostrei em nota anterior, mas nem tanto. Agora o terreno em volta é ocupado por quatro famílias de nômades.
      Há uma semana instalaram precárias barracas no local, e se dizem índios guaranis. Tenho minhas dúvidas. Não sou antropólogo, mas a aparência não condiz, e em cada barraca há um carro (belinas, Monza). Um deles disse serem de Ibirama, depois, quando falei José Boiteux, corrigiu e acrescentou: "Temos casa lá". E aproveitou para oferecer ervas medicinais. Catuába, guaraná da Amazônia (guaranis do Alto Vale com guaraná?), chás para rins, fígado, etc. O pacote do que seriam cascas da árvore do guaraná foi oferecido a R$ 10,00, mas logo estava em R$ 5,00. Bem, engenheira agrônoma que há vários anos trabalha nas aldeias de José Boiteux garantiu-me que nenhum guarani daquela área tem carro.
      Isto foi no início da semana. Nesta sexta, outro dos acampados, também disse serem guaranis, mas vindos do Mato Grosso. "Ficamos um tempo por aqui e vamos pra outro lugar", comentou, exibindo um reluzente dente de ouro (índio guarani usa dente de ouro? Preciso confirmar com minha amiga, não sou antropólogo, já disse, mas duvido). Enquanto isso, pelo menos 10 crianças brincam em meio às macegas e capim alto que rodeiam a construção. No prédio abandonado há um sanitário, sem água e talvez por isso, ou pelo hábito, prefiram fazer as necessidades fisiológicas no asfalto do que foi a via alternativa construída como desvio quando a Rua 2 de Setembro desbarrancou.

      Bem, na próxima semana (dia 19), a Prefeitura de Blumenau deve abrir os envelopes das empresas interessadas em consertar, reinstalar tudo que foi depredado desde 2004 e fazer funcionar o dique, com suas bombas (duas, guardadas há oito anos na URB) e comportas. Talvez depois não sobre terreno para acampamentos, talvez.

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