Como cheguei cedo ao Brás, aventurei-me. Sem condições de assistir
alguma coisa na "chuviscosa" TV da sala "vip", fui perambular pelo
bairro. Cruzei por três ou quatro botecos imundos, um pequeno mercado,
até chegar ao que descobri ser a Associação dos Nordestinos de São Paulo. Ali, no pátio,
quatro ônibus daqueles que fazem viagens clandestinas. Um deles em
momento de embarque rumo à Brasília. Um exame rápido na aparência dos
veículos deixa uma dúvida inevitável: "Chegam ao destino?". Raimundo,
que sempre está por ali com seu carrinho de tapioca, garante que sim e
mais: "São muito confortáveis". Ainda saboreei uma tapioca com queijo e
goiabada e assisti ao transbordo, certamente também clandestino, de
carne bovina, de uma carreta recém-chegada do Mato Grosso, para um
caminhão pequeno. O tratamento dado à carne naquela operação e a
imundície da vestimenta dos carregadores é um estímulo ao
vegetarianismo.
Bem, hora de voltar ao ponto do ônibus, a
tempo de acompanhar a oferta e negociação de um bem-articulado vendedor
de DVD e CD pirateados. "Mas com qualidade. Só copio filmes que já estão
disponíveis na locadora", tranquilizou. Aos interessados, eram quatro
DVDs por R$ 10,00, valor que ele melhorou para cinco por R$ 10,00 tão
logo a maioria das clientes do momento embarcaram em um ônibus de
compras para partir.
Também eu partiria, acompanhado por música sertaneja, claro. E na chegada, como a baldeação falhou, "ganhei" mais duas horas de viagem, assistindo desembarques, principalmente de mercadorias, em Itajaí, Balneário, Brusque e Gaspar.
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