23 maio, 2013

Gente 2: Telomar artista incomum, mas longe dos "holofotes"


Longe da badalação e do reconhecimento
    Conheci o Telomar Florêncio no ano de 2002, quando fui assessor de Comunicação do Samae. Encomendei-lhe, entre outros trabalhos, um mapa estilizado da cidade, com a localização das unidades do serviço de água e saneamento e informações sobre o uso e produção da água. Fez um belíssimo desenho em cores, valorizando aspectos ambientais. Desde então mantenho contato com ele e é inevitável uma constatação: seu trabalho está muito acima de Blumenau. Sua cidade não lhe dá o devido valor e muito disso deve-se à sua simplicidade e vida despojada.


       TOCA-DISCOS
      Vencedor do Salão Elke Hering de Arte Contemporânea, de 2001, Telomar pode ser visto de sandálias, pedalando uma bicicleta, vestindo uma camiseta comum, calça de moleton ou bermuda, o cabelo embranquecido despenteado. Em sua casa-ateliê, um refrigerador e um telefone de mesa pintados por ele. Um velho toca-discos rodando um vinil (ele mantém e usa uma grande discoteca). Na tampa, pintado à mão, o aviso de que está quebrada. No pátio, sobre uma cadeira feita por ele, um arco e flechas, também de sua confecção. Orgulhoso, chama a atenção para detalhes do arco, com empunhadura em madeira por ele desenhada e entalhada.
O velho toca-disco, fonte diária de música no ateliê
       SEM TEMPO
       Esta sempre criando, produzindo algo. São desenhos, pinturas abstratas ou exibindo detalhes da Natureza ou do trabalho humano, com perspectivas e cores que encantam. Mas, o poder público ou empresários da cidade nunca o contrataram para uma grande obra, algo que certamente marcaria a cidade, um empreendimento. Alto astral, Telomar não revela ressentimenos. Lamenta, apenas, que a sociedade esta cada vez mais ocupada. "É muita correria,não sobra tempo para as pessoas apreciar ou se interessar por arte".
     
 LONGE DA BADALAÇÃO
      Desde que o conheci, houve melhoras em sua casa-ateliê, graças à reconciliação com a esposa Rosane. Ela e a filha Juliana, auxiliam-no a administrar, divulgar seu trabalho e definir preços (a outra filha, Mariana, também esta voltada para a arte, mas a fotográfica, com o estúdio Blaze. Mas, Telomar permanece o mesmo: dedicado à suas obras e criações e longe dos "holofotes", das colunas sociais, das badalações.


A Olívia, junto da sandália croc pintada pelo dono
Detalhe da parece e bancada do ateliê

Arco e flechas que confeccionou. O alvo, um rato
Nina, a esposa; Juli, a filha, agora "administradoras" do artista



Um comentário:

  1. Parabéns, Celso! pela lembrança desse grande artista plástico de nossa cidade. Um sujeito simples com um pensamento voltado para a arte. Um militante no verdadeiro da cultura e da arte. sem compromisso com bens materiais.
    Celso

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