13 agosto, 2012

Chico, o sapateiro que trabalha cercado por chopes e petiscos

    Entre um chope e outro, saboreando fritas ou petiscos, que tal aproveitar para pintar o calçado, ou encomendar um conserto no sapato, na bolsa? Incomum, né? Mas possivel ali na Itoupava Norte, onde uma antiga sapataria ficou incrustrada em uma fábrica de chope, choperia, casa de lanche.
SapatariaVista
     A Sapataria Souza há duas décadas tinha uma vizinhança sossegada, mas há dez anos ganhou um novo vizinho, a então casa de lanches Madrugadão. Um vizinho que foi crescendo, crescendo, se transformou em choperia e depois também fábricante de chope. E ampliou o espaço, alugou mais uma área, depois comprou a casa ao lado da sapataria e depois mais adquiriu a casa dos fundos.
     Chico Sapateiro, como é conhecido pelos moradores da região, não se incomodou. Continuou tranquilo, remendando, consertando bolsas, renovando calçados, como faz há 21 anos, desde que se instalou na cidade. A tranquilidade vem, em parte, da amizade que tem com o dono do imóvel ao qual paga aluguel pela pequena oficina.

     Imaginei que o proprietário da choperia houvesse tentado negociar sua saída do local. E tentou, confessa Francisco Vilson da Silva, lajeano que adotou Blumenau. "Mas pelo que ofereceram não valia deixar o local", diz ele. Afinal, pagou caro pela oficina, há 21 anos. Teve que acrescentar 4 milhões de cruzeiros novos aos 8 milhões que conseguiu ao vender a casa em Lages. E nem se preocupou em mudar o nome da oficina.
Sapateiro-Chico    De lá para cá, mudou muito o tipo de calçado e os materiais utilizados em sua fabricação, mas o serviço continua bom, avalia Chico Sapateiro. "A gente precisa se adaptar", ensina ele, cercado de pares de sapatos, tênis, bolsas. E, se tem uma choperia à sua volta, não tem, em um raio de vários quilômetros, algum colega concorrente. Estão sumindo os sapateiros.

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