30 junho, 2013

Boss ciclista, uma vida de paixão e risco

Boos, novamente vítima de motoristas. Um risco que acompanha todo ciclista
     Lembra o jargão patriótico-motivacional "Sou brasileiro e não desisto nunca", criado por publicitários lá por 2005? Pois é impossível não parodiá-lo transformando em "Sou ciclista e não desisto nunca" ao ouvir a história de Wilberto Boos, depois do quarto atropelamento que sofre. Desta vez, o co-fundador da ABCiclovias esta "apenas" com a mão e punho direito no gesso, mas já viu a morte muito próxima.
    Quem pedala por esporte, lazer ou mesmo no dia-a-dia e procura o melhor em manutenção para a "bike" em Blumenau, conhece Wilberto, ou melhor, o Boos. Mecânico, consultor, montador e também vendedor, dedica-se exclusivamente às bicicletas desde fins dos anos 80 em oficina montada na própria casa, na Vila Nova. Mas, desde a segunda semana de junho ele está impossibilitado de trabalhar por causa da fratura no polegar, consequência de atropelamento quando subia a Rua Theodoro Holtrup. Estava na ciclofaixa, usava capacete vistoso, farolete, e acionou a campainha várias vezes quando se aproximou do veículo parado em uma transversal. Não adiantou: o carro avançou e o derrubou. Mais uma vez foi parar no hospital.
     Bem pior, no entanto, foram os acidentes anteriores. No primeiro, em 1977, saia de Blumenau rumo a Piçarras, com o irmão e amigos. O passeio terminou no então chamado "Retão da Morte", trecho da Rodovia Jorge Lacerda em frente ao Paraíso dos Pôneis. Seu grupo foi atropelado pelo carro de um jovem que voltava da "balada" no litoral, fazia "racha", perdeu-se em uma ultrapassagem e avançou pelo acostamento. O irmão e um amigo de Boos morreram, ele ficou três meses hospitalizado e mais de um ano passando por cirurgias e tratamentos.
     Em 1999, voltou a ser atropelado, desta vez na Rua João Pessoa, por um instrutor de auto-escola, que cortou sua frente de forma brusca. "Eu buzinei pra avisar", justificaria mais tarde o "instrutor", que nem parou para ver os danos. Quatro anos depois, em 2003, foi abalroado por um ônibus da Glória em frente ao Shopping Neumarkt. Enquanto recebia atendimento por fraturas no pronto socorro, o motorista do veículo explicava aos guardas de trânsito: "Ele jogou a bicicleta contra o ônibus".  
     Mesmo com esta série de acidentes mantém-se ciclista irredutível: "Bicicleta é meu veículo. Meus pais não tiveram carro e comprar um nunca esteve em meus projetos". Sabe que o risco é permanente, mas se manterá fiel à bike. "Por mais experiência, por mais cautela que o ciclista tenha, está sempre em risco, pois o maior sempre vai pra cima do menor", constata.

3 comentários:

  1. Me admiro que ele ainda esteja vivo, afinal como pode uma pessoa tão experiente, não ver que em todas as transversais da Theodoro Holtrup, tem um triangulo pintado no chão da ciclofaixa. A sim, se ele não sabe o que significa, vou explicar: Preferência. Isso mesmo, a preferência é do motorista que está saindo ou entrando na transversal e não do ciclista.
    Que ele tenha mais cuidado da próxima vez, e que ele respeite a sinalização.

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    1. ...esse tal triângulo só existe na cabecinha desse tal "anônimo". Desde quando quem sai de uma transversal tem preferência ? Saiba que o veículo maior sempre tem que respeitar o menor, ou não ?? escrever tamanha ignorância só como anõnimo mesmo....

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  2. A simplicidade e paixão pelas bicicletas é algo inspirador no Boos. Parabéns!

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