Boos, novamente vítima de motoristas. Um risco que acompanha todo ciclista |
Quem pedala por esporte, lazer ou mesmo no dia-a-dia e procura o melhor em manutenção para a "bike" em Blumenau, conhece Wilberto, ou melhor, o Boos. Mecânico, consultor, montador e também vendedor, dedica-se exclusivamente às bicicletas desde fins dos anos 80 em oficina montada na própria casa, na Vila Nova. Mas, desde a segunda semana de junho ele está impossibilitado de trabalhar por causa da fratura no polegar, consequência de atropelamento quando subia a Rua Theodoro Holtrup. Estava na ciclofaixa, usava capacete vistoso, farolete, e acionou a campainha várias vezes quando se aproximou do veículo parado em uma transversal. Não adiantou: o carro avançou e o derrubou. Mais uma vez foi parar no hospital.
Bem pior, no entanto, foram os acidentes anteriores. No primeiro, em 1977, saia de Blumenau rumo a Piçarras, com o irmão e amigos. O passeio terminou no então chamado "Retão da Morte", trecho da Rodovia Jorge Lacerda em frente ao Paraíso dos Pôneis. Seu grupo foi atropelado pelo carro de um jovem que voltava da "balada" no litoral, fazia "racha", perdeu-se em uma ultrapassagem e avançou pelo acostamento. O irmão e um amigo de Boos morreram, ele ficou três meses hospitalizado e mais de um ano passando por cirurgias e tratamentos.
Em 1999, voltou a ser atropelado, desta vez na Rua João Pessoa, por um instrutor de auto-escola, que cortou sua frente de forma brusca. "Eu buzinei pra avisar", justificaria mais tarde o "instrutor", que nem parou para ver os danos. Quatro anos depois, em 2003, foi abalroado por um ônibus da Glória em frente ao Shopping Neumarkt. Enquanto recebia atendimento por fraturas no pronto socorro, o motorista do veículo explicava aos guardas de trânsito: "Ele jogou a bicicleta contra o ônibus".
Mesmo com esta série de acidentes mantém-se ciclista irredutível: "Bicicleta é meu veículo. Meus pais não tiveram carro e comprar um nunca esteve em meus projetos". Sabe que o risco é permanente, mas se manterá fiel à bike. "Por mais experiência, por mais cautela que o ciclista tenha, está sempre em risco, pois o maior sempre vai pra cima do menor", constata.