Blumenau se orgulha de sua origem germânica evidenciada pelas construções em enxaimel. Não há publicação ou peça de divulgação turística que não cite esta característica arquitetônica e histórica da cidade. Mas, quem pretende reformar, restaurar ou construir um imóvel nesta técnica, sabe que a importância e valorização ficam apenas na propaganda. A burocracia e as exigências da
administração pública desestimulam e até impedem a manutenção do
enxaimel.
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Paulo, experiência que pouco valem perante órgãos públicos |
Paulo Volles que, junto com a esposa
Gisele Diel trabalham e estudam a técnica enxaimel desde o início dos anos 2000, sabem bem o que é isso. Donos da empresa "Casas de Enxaimel", constituida há seis anos e com uma experiência pessoal que vem desde que construiram sua primeira casa, em 2003, esbarram em exigências pouco compreensíveis para construir ou restaurar. Nem mesmo o título de "Carpinteiro enxaimel", concedido pelo
Iphan-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ameniza as exigências. Sua experiência e conhecimentos, pouco valem. A cada obra é exigido um engenheiro ou arquiteto responsável e a apresentação de memorial descritivo da obra (relatório detalhado, inclusive com fotos, do que será feito, como e materiais utilizados). "Um memorial destes custa R$ 20 mil", desabafa Paulo.
E o pior, acrescento eu, é que qualquer engenheiro ou arquiteto, saberá menos, ou provavelmente nada, sobre construção enxaimel, mesmo porque não há cadeiras, nestas faculdades, sobre a técnica construtiva trazida pelos carpinteiros alemães.
Uma luz no fim do túnel, acredita Paulo Volles, é fazer reformas culturais. Ou seja, recorrer as áreas públicas de cultura para obter autorizações para a manutenção de um bem cultural. Outro recurso e este foi posto em prática por um indaialense que participou das oficinas de enxaimel, é o registro em cartório, de "termo de responsabilidade pública". Depois de esperar por três meses, em vão, por uma autorização da prefeitura da Indaial, para restaurar uma casa em enxaimel, foi a um cartório e fez registrar documento em que afirma que manterá as características originais do imóvel.
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