27 julho, 2014

Vila EnCantos, cultura promovida com ousadia

         Fui à Vila Itoupava atraído por uma apresentação de jazz, coisa rara por aqui. E mais raro ainda se considerar o local, o distrito e reduto mais germânico de Blumenau. Conheci, assim o Vila EnCantos e seu criador e promotor, Carlos Alexandre Schrubbe, um jovem músico extremamente ousado. Sim, porque o que ele faz, promover cultura por iniciativa própria, recorrendo ao próprio bolso é pura ousadia.
Schrubbe, esforço incomum para disseminar cultura
        E já fazem dois anos que ele toca este projeto, o Vila EnCantos, praticamente sozinho e de forma profissional. "Pretendo com isso que as pessoas aqui da Vila tenham mais acesso a atividades culturais", diz ele. E sonha em ver crescer o projeto para que ganhe também o Centro de Blumenau. As apresentações são mensais e para viabilizá-las vai em busca de patrocinadores ou apoiadores - nesta sexta, por exemplo, além da Associação Haco, que cede o local, contou com a importadora de vinhos Decanter, e a Bermo. Além de cobrir o cachê dos artistas convidados, Schrubbe contrata empresa para o som e vídeo e assessoria de imprensa para divulgação do evento.  Parte dos gastos ele paga com o que ganha dando aulas de música para alunos da própria Vila, uma atividade que também faz parte do Vila EnCantos.
        Antes de por em prática este projeto, Calos Schrubbe se dedicava também a promover cultura no distrito, mas ai, como servidor público, diretor do Centro Cultural da Vila Itoupava. Mas, na gestão da secretária municipal Marlene Schlindwein (quando Blumenau viveu um período de "descultura"), o centro foi desativado.
      

Degustação de jazz e vinhos na germânica Vila Itoupava

O itajaiense Jazz`n Loft, para um público atento
         Na fria noite de sexta-feira, eu e mais umas 110 pessoas fomos aquecidos pelos improvisos rítmicos do Jazz`n Loft Trio, e degustação de vinhos da Decanter. E num lugar aparentemente incomum para uma sessão de jazz e bebericar vinhos: a Vila Itoupava. Iniciativa de um "maluco" que conheci naquela mesma ocasião, o músico e professor Carlos Alexandre Schrubbe, que há dois anos promove o Vila EnCantos, com o que pretende fazer daquele distrito de Blumenau um polo cultural.
 
Duda, Mário Jr e Ozeias, músicos impecáveis
   O trio, formado pelos músicos Mário Jr. na bateria, Ozeias Rodrigues, guitarra e Duda Cordeiro, no contrabaixo, de Itajaí, é muito bom e, apesar de ter projeção nacional, tocavam pela primeira vez em Blumenau. Instalados no centro do salão da Associação Esportiva Haco, mantiveram a atenção e arrancaram aplausos do público sentado à sua volta, executando e criando em cima de músicas de clássicos do jazz e blues norte-americanos, como Duke Ellington, Dizzy Gillespie, Miles Davis, Thelonius Monk,Charlie Parker. Foi uma apresentação intimista, pelo relacionamento dos músicos com o público, falando dos compositores, das origens do ritmo e informando sobre os improvisos que fazem de cada execução uma interpretação única. E o ambiente, um salão todo em madeira, rústico, o som na medida correta, contribuiram em muito para que todos saíssem dali com a sensação de ter valido a pena enfrentar a estrada (a maioria do público era da sede do município, o que significou uma viagem de pelo menos 50 km entre ida e volta. Outros 20%, no cálculo de Schrubbe eram da própria Vila e havia ainda pessoas vindas de Massaranduba).
                                                   
Ritmos de Nova Orleans na germânica Vila Itoupava

Público diferenciado e encantado

 Schubbe (de cavanhaque), ousado promotor do Vila EnCantos

22 julho, 2014

Mutirão e lentidão, rima pobre mas real

       O programa relacionado à melhoria das vias públicas em Blumenau ganhou um nome fantasia de Pavimenta  Ação. Mas seria mais honesto usar apenas o verbo: Pavimentação, pela lentidão com que as ações são executadas na área. Que o digam os moradores de 58 ruas que há tempo pagaram a parte que lhes cabe nos chamados mutirões e não veem lajotas ou asfalto substituindo lama ou pó. Destas, somente cinco então com obras praticamente certas para este ano.
A pequena Francisco Albo, talvez ganhe novo visual este ano
       Estas cinco vias - Francisco Albo, Harry Griebel, Kurt Pofal, 22 de Setembro e Marilene Figueiredo Loch (que, curiosamente, divide o nome com a Rua Acácio Bernardes, que homenageia o pai do prefeito Napoleão Bernardes) - somam em torno de 700 metros de extensão. O processo licitatório para que sejam pavimentadas está em fase final. E
lá se vão 18 meses do atual governo.
        AGORA HÁ CRITÉRIOS, FALTAM VERBAS
       Ficarão na lista outras 53 vias onde os proprietários de imóveis já recolheram o total exigido pela prefeitura. A estas, somam-se 69 nas quais o valor que cabe a cada um ainda está sendo depositado em poupança. Vilmar Rosa, diretor da Divisão de Mutirão da Secretaria de Obras atribui a demora a dois fatores: "Primeiro tivemos que buscar informações e organizar uma lista de ruas, com data de abertura das contas e situação da poupança". Para ter uma lista das ruas e a ordem de atendimento, foram consumidos os seis primeiros meses de governo. "Precisávamos estabelecer critérios", diz ele. Pretendiam resguardar-se de episódios como o "Tapete Negro" na administração passada.
      Compreensível. Mas, depois de tudo colocado no papel, deixando clara a ordem das ruas para atendimento, evidenciou-se outro e mais complicado obstáculo: a falta de dinheiro. Vilmar lamenta a dificuldade em obter financiamento em instituições públicas pelo modelo do mutirão (verbas do município e de particulares), além da exigência de calçadas.
       PRÓXIMO DE ELEIÇÃO, MAIS AÇÕES
       As 122 ruas que integram a relação atual somam 191 mil metros quadrados e sua pavimentação tem um custo estimado em pouco mais de R$ 16 milhões, dos quais R$ 5 milhões é a parte dos proprietários de imóveis e R$ 11,4 milhões o custo para o governo municipal.
       Mas Vilmar Rosa tranquiliza: logo fica concluída a documentação de mais 10 ruas, que serão encaminhadas à Secretaria de Gestão Governamental para a liberação de recursos. "No ano que vem creio que pavimentaremos a maior parte das 53 ruas com 100% do valor dos moradores já recolhido".
       Não tenho dúvida. Deve aparecer o programa "Pavimenta Ação", pois já estaremos, ai, nos aproximando de mais uma eleição municipal.



19 julho, 2014

Artesanato, brechó, vinis, arte na Feirinha Wollstein

    A Feirinha Wollstein, reuniu algo em torno de 40 "comerciantes" neste sábado, no Parque Vila Germânica. Era a sétima edição deste evento criado em janeiro pela iniciativa de dois jornalistas e um dono de bar (Giovanni Ramos, Leo Laps e Fábio Wollstein), para atender um desejo de muitos que era a de ter um local para a venda informal de artesanato, livros, discos, bugigangas, algo que o poder público nunca conseguiu implantar.
     Desta vez sairam do acanhado espaço do Botequin Wollstein, para a frente do principal pavilhão da Vila Germânica, em função da realização ali de uma feira de gastronomia. Inscreveram-se 40 pessoas - entre artesãos, profissionais liberais, artistas, pequenos e informais comerciantes - para oferecer enfeites diversos para o lar, roupas para cães, bijouterias, discos de vinil, CDs, quadros, camisetas, peças de cerâmica, livros e vestuário em brechós.















      A feira iniciou sob céu azul, sol forte às 14h e terminaria com o frio da noite, às 20h.

08 julho, 2014

Mudança na lei facilita construção de penitenciária

     Em dia em que jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo é a principal preocupação de muitos, os vereadores aprovaram mudança em lei municipal que permitirá economia de tempo na obra da Penitenciária estadual a ser construída em Blumenau. Esta terça também marcou o fim do período do advogado Roberto da Luz, do PDT, como vereador, e a chegada do também advogado Célio Hohn, do PCdoB à tribuna.
    
O secretário regional César Botelho, que na segunda-feira pediu o apoio aos vereadores para alteração da lei 824/2011, voltou na manhã desta terça para acompanhar a votação. E suspirou aliviado: o projeto do governo foi aprovado. Esta mudança significa que o Estudo de Impacto de Vizinhança que a obra da penitenciária e presídio a ser construido na Rua Silvano Cândido da Silva (rua que liga o município a Gaspar, pela margem esquerda do Rio Itajaí-Açu), poderá ser apresentado durante a execução da obra e não antes de iniciados os trabalhos. Com isso, o alvará de construção já poderá ser obtido e, com isso, liberados os pouco mais de R$ 9 milhões destinados à indenização do terreno de 340 mil metros quadrados, comemora César Botelho. Ele acredita que ainda em julho a questão da desapropriação e inicio do projeto estarão resolvidos. Para a obra - penitenciária e área destinada ao regime de prisão semi-aberto - estão reservados R$ 27 milhões.
      

Dia de entra e sai no plenário da Câmara de Vereadores

   
         Esta terça-feira foi dia de entra e sai de vereadores na Câmara. O pedetista Roberto da Luz encerrava seus 30 dias de mandato, quando substituiu o colega Ivan Naatz em licença. Já o também advogado Célio Hohn, do PCdoB assumiu a cadeira do petista Jefferson Forest, igualmente licenciado por 30 dias
Roberto, encerrando mandato
      ROBERTO
       Em seu último discurso o advogado Roberto da Luz voltou a criticar o encolhimento do atendimento pediátrico na cidade, com a desativação da emergência pediátrica pelo Hospital Santa Isabel. Pediu a interferência do secretário de Desenvolvimento Regional, que acompanhava a sessão, para que o Estado socorra a cidade. Também disparou críticas ao Samae, pelas frequentes faltas de água e a falta de investimentos que, em sua opinião, estão muito aquém do que é necessário para bem atender a população, "que paga, e muito bem pago, a água, todo mês". Um custo que ficou ainda mais elevado, observa, pela cobrança da taxa de esgoto.
       CÉLIO
       Já Célio Hohn fez referência à história do seu partido, "expressão de luta do povo brasileiro e pela democracia e justiça social". E disparou criticas ao governo municipal, que "está na contramão da história, numa marcha à ré na Educação e na Saúde", como evidenciou a greve de 41 dias dos servidores que atuam nestes setores. O prefeito, disse ele, "adotou o arbítrio, a ditadura, a intolerância e não aceitou negociar durante todo esse tempo". Hohn, que integrou a coligação (PDT, PT, PTC, PV, PCdoB) ficou na suplência com 1.472 votos e tem expectativa de ganhar mais um período no Legislativo, com uma nova licença do pedetista Ivan Naatz.

Célio, iniciando período de 30 dias como vereador

07 julho, 2014

Froshinn: abandonado, mas frequentado

A guarita no acesso anuncia o abandono
     O lixo se espalha e se acumula pelo entorno, as paredes já não tem mais espaço para pixações, tapume arrancado e porta arrombada. Assim está o Frohsinn, antigo e renomado restaurante no Morro do Aipim. Não é novidade este estado. Mas, apesar de abandonado, continua bastante frequentado por quem quer sossego sem ser importunado. Os sinais das visitas está nos sulcos deixados pelos pneus dos veículos. E no meio da tarde deste domingo que passou lá estavam os ocupantes de três motos e quatro automóveis. A maioria deles atraidos pelo "mirante da fumaça".

      A porta que foi acesso ao restaurante arrombada significa que os "habituês" do lugar já não se contentam com a paisagem oferecida e pela tranquilidade que a ausência de proprietários ou zeladores oferece. O secretário de Turismo Ricardo Stodieck mostrou-se surpreso, nesta segunda e disse que pediria providências ao diretor responsável pelo patrimônio. "À noite temos guarda no local", disse ele, para depois acrescentar, por e-mail, que a segurança no local é 24 horas. Bem, talvez não no domingo e já estive lá em dia de semana para fazer foto a partir do mirante e não vi qualquer vestígio de segurança.
      O futuro daquele local histórico - doação dos herdeiros do fundador da cidade, Dr. Blumenau, ao município -, ainda está incerto. Depois de aprovada sua venda pelos conselhos de Turismo, de Cultura e de Planejamento Urbano, a Secretaria de Turismo aguarda decisão da pasta de Planejamento sobre a forma de preservação do entorno. Pode ser tombamento, admite Stodieck, embora reconheça que este termo possa assustar investidores.
      VENDA TEM OPOSITORES
A deterioração evidente de todos os ângulos
      Enquanto isso, algumas entidades se manifestam e se movimentam em sentido contrário ao do governo municipal. Instituto de Arquitetos do Brasil, seção local; Acaprema e ABCiclovias, por exemplo, entendem que o local não pode ser vendido. E há críticas sobre a forma que o assunto foi votado nos conselhos.
       Pelo estado crítico do prédio do antigo restaurante, não creio que surjam interessados em investir ali com a obrigação de manter atividade cultural ou turística, como pretende a administração municipal. A não ser que seja oferecido a um preço atraente e com possibilidade de serem agregadas novas construções. Quanto a isso, parece que não haverá problema, pois, segundo o secretário Stodieck, há potencial construtivo de 11 mil m2, "sem mexer no Plano Diretor".
        De qualquer forma, ele acredita que ainda em julho pode ser definido o edital de vendas. Assim que for licitada a Choperia Expresso vamos nos dedicar ao Frohsinn, avisa o secretário de Turismo de Blumenau.
Fachada fechada

Paredes quase totalmente tomadas pelas pichações

Neste fim-de-semana porta estava assim, arrombada

Telhado que se desmancha, em meio a vista da cidade
       

02 julho, 2014

Tem coisas que criam raízes em área pública

     Pero Vaz Caminha, quando aqui aportou há 500 e poucos anos, percebeu: a terra é boa e se plantando tudo dá. Lembrei isso ao constatar que tem coisas que criam raízes com facilidade, em área pública. E deixo apenas três exemplos. O de uma "casa-container", depositada há uns dois anos em terreno na margem do Rio Itajaí-Açu, no inicio da Rua 2 de Setembro. Por algum tempo acompanhava uma faixa de vende-se, mas se desgastou. E ficou, está criando raízes no lugar. O proprietário poderia alugar, para moradia, ou pequeno comércio, talvez. O poder público não se importaria.
     
Vai ficar lá, como a placa de uma empresa especializada em oratória, que já passou por uns três prefeitos e permanece intocável, um pouco desbotada, em um canteiro no entroncamento da Rua Paris com a Lisboa.
       Por fim, com menos tempo, mas igualmente enraizada, está a cruz colocada em protesto pela morte de uma pessoa em acidente na Via Expressa. Foi em setembro do ano passado e provavelmente ficará marcando mais uma irresponsabilidade e vítimas do trânsito, como aquelas que volta e meia se encontra ao longo de rodovias.