Li elogios, e fui conferir o blog "I love bicis", do jornalista espanhol Pablo León, neste domingo. Na primeira visita li apenas uma matéria, a que se refere a uma empresa disposta a intermediar aqueles interessados em alugar uma bicicleta e aqueles que têm o veículo disponível por algum tempo e dispostos a compartilha-lo. É a Spinlister, criada nos Estados Unidos por Will Dennis. É mais um empreendimento a integrar a rede de colaboração, forma de negócios que, entende ele e alguns economistas, no futuro susbstituirá o mercado competitivo capitalista.
Mas, mais do que a matéria em si, gostei dos comentários que se seguiram. Muito semelhantes aos que ouvimos por aqui, embora estejamos "anos luz" em atraso a eles, no aspecto uso da bicicleta como meio de transporte. Não há infraestrutura para uso da bicicleta; motoristas não respeitam os ciclistas, reclamam alguns. Ciclista não respeita pedestre. Falta de civilidade, enfim. Fiquei com uma ponta de inveja de um sevilhano, que se diz orgulhoso de sua cidade, pois lá foram implantadas ciclovias em quase todas as ruas, reduzidas as pistas de rolamento para carros em algumas e proibido o tráfego de veículos em áreas da cidade. O resultado, diz ele, são milhares de pessoas utilizando bicicleta. Outro comentário cita a iniciativa da Universidade de Valladolid em dispobilizar bicicletas a seus alunos de intercâmbio, a preços baixíssimos.
Isto me remete ao fracassado sistema de aluguel de bicicletas que Blumenau experimentou. Falhou por diversas razões. Uma, estou convicto, foi o sistema adotado, que exigia uso do celular. Mas jogam contra o uso da bicicleta, aqui, sem dúvida, a falta de civilidade - que se traduz até em agressividade de alguns motoristas; a topografia da cidade e, ao se pensar no Verão, o clima (quantas empresas, escolas, têm vestiários com chuveiros, disponíveis aos funcionários, alunos usuários de bicicleta?). Mas, parece-me, obstáculo maior ainda é a vaidade. Aqui prioriza-se o ter, possuir e, neste caso, andar de bicicleta é a negação. O importante é exibir-se de carro, de preferência mais moderno, avançado, caro, do que o do vizinho, do parente, mesmo que esteja além da sua capacidade financeira.
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