13 outubro, 2014

A voz do samba e da raça negra na germânica Blumenau

Carlos Silva, professor, sambista
      "Eu sou o samba(...). A voz do morro sou eu mesmo....". Esta frase, do samba de Zé Keti, lá dos anos 50 e  se tornou conhecida em 1964, me ocorreu de imediato quando pensei em falar aqui no blog, do Carlos Silva e seu trabalho para divulgar o bom samba nesta terra de origens germânicas. A ocasião veio com o "1º Samba de Terreiro", promovido por ele neste domingo, 12 de outubro, quando trouxe convidados do Paraná, o grupo Sindicatis, para homenagear "as velhas companheiras Portela e Mangueira".
         "Eu sou o samba". Coincidência relevante: quando botei o olho na cuíca, do Carlos Silva, nesta tarde, lá na Associação de Moradores do Bairro Fortaleza, deparei com a mesma declaração do compositor de "A voz do morro". Carlos, que conheci jornalista no Santa, que passou pela A Notícia e com quem trabalhei novamente na Comunicação da prefeitura, por um tempo, professor universitário, é, em Blumenau, a voz da raça negra, ou dos afrodescendentes.
Trabalho voluntário em favor de uma cultura
         CONSCIÊNCIA NEGRA
        Seu trabalho não pretende ser ideológico ou político, mas, sim, cultural. Foi por isso que incentivou o amigo Paulo Roberto Silva, o Beto, a organizar um grupo de pesquisa e divulgação do samba de raiz, há 10 anos. Surgiu, então, o "Confraria do Samba", inicialmente com seis integrantes, hoje nove. E foi além neste trabalho: criou o propôs para a direção da rádio e TV Furb, o "Batuque na Cozinha".
        E lá se vão oito anos divulgando no microfone da Rádio Furb, todos os sábados ao meio-dia, com reprise aos domingos, às 13h, o samba e seus autores. É um trabalho didático, em que procura mostrar a importância da música criada e executada por artistas afrodescendentes na vida brasileira. E um trabalho voluntário, sem remuneração. A recompensa do professor e sambista Carlos Silva é o reconhecimento de outros sambistas, estudiosos e divulgadores deste gênero musical.
       Professor no curso de Publicidade e Propaganda, Carlos quer ir além: batalha para que a Furb faça funcionar um Núcleo de Cultura Afrobrasileira. Afinal, a legislação já exige das universidades atitudes neste sentido e, mais do que isso: Blumenau não é apenas "germânica", afinal, 10% de sua população é negra, conforme o senso mais recente do IBGE. Mas, por enquanto, esta sua iniciativa não encontra eco na liderança acadêmica.
Tarde de samba no Fortaleza
        VELHAS COMPANHEIRAS
       Enquanto isso, em em meio à Oktoberfest, seus companheiros do Confraria do Samba, os amigos do Sindicatis, que também se dedicam ao estudo e pesquisa, e mais um punhado de admiradores do samba-de-raiz, do samba do morro, curtiram boa música por algumas horas na quente tarde dominical. Uma tarde dedicada a sambas compostos e cantados por sambistas e nas rodas das escolas de samba Mangueira e Portela, "que sempre foram amigas, as primeiras dos velhos carnavais", explica-me o professor Carlos Alberto Silva.



Confraria do Samba e...
Sindicatis, homenageando Mangueira e Portela




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