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Carlos Silva, professor, sambista |
"Eu sou o samba(...). A voz do morro sou eu mesmo....". Esta frase, do samba de
Zé Keti, lá dos anos 50 e se tornou conhecida em 1964, me ocorreu de imediato quando pensei em falar aqui no blog, do Carlos Silva e seu trabalho para divulgar o bom samba nesta terra de origens germânicas. A ocasião veio com o "
1º Samba de Terreiro", promovido por ele neste domingo, 12 de outubro, quando trouxe convidados do Paraná, o grupo Sindicatis, para homenagear "as velhas companheiras Portela e Mangueira".
"
Eu sou o samba". Coincidência relevante: quando botei o olho na cuíca, do
Carlos Silva, nesta tarde, lá na Associação de Moradores do Bairro Fortaleza, deparei com a mesma declaração do compositor de "
A voz do morro". Carlos, que conheci jornalista no Santa, que passou pela A Notícia e com quem trabalhei novamente na Comunicação da prefeitura, por um tempo, professor universitário, é, em Blumenau, a voz da raça negra, ou dos afrodescendentes.
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Trabalho voluntário em favor de uma cultura |
CONSCIÊNCIA NEGRA
Seu trabalho não pretende ser ideológico ou político, mas, sim, cultural. Foi por isso que incentivou o amigo Paulo Roberto Silva, o Beto, a organizar um grupo de pesquisa e divulgação do samba de raiz, há 10 anos. Surgiu, então, o "
Confraria do Samba", inicialmente com seis integrantes, hoje nove. E foi além neste trabalho: criou o propôs para a direção da rádio e TV Furb, o "
Batuque na Cozinha".
E lá se vão oito anos divulgando no microfone da Rádio Furb, todos os sábados ao meio-dia, com reprise aos domingos, às 13h, o samba e seus autores. É um trabalho didático, em que procura mostrar a importância da música criada e executada por artistas afrodescendentes na vida brasileira. E um trabalho voluntário, sem remuneração. A recompensa do professor e sambista Carlos Silva é o reconhecimento de outros sambistas, estudiosos e divulgadores deste gênero musical.
Professor no curso de Publicidade e Propaganda, Carlos quer ir além: batalha para que a Furb faça funcionar um
Núcleo de Cultura Afrobrasileira. Afinal, a legislação já exige das universidades atitudes neste sentido e, mais do que isso: Blumenau não é apenas "germânica", afinal, 10% de sua população é negra, conforme o senso mais recente do IBGE. Mas, por enquanto, esta sua iniciativa não encontra eco na liderança acadêmica.
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Tarde de samba no Fortaleza |
VELHAS COMPANHEIRAS
Enquanto isso, em em meio à Oktoberfest, seus companheiros do Confraria do Samba, os amigos do
Sindicatis, que também se dedicam ao estudo e pesquisa, e mais um punhado de admiradores do samba-de-raiz, do samba do morro, curtiram boa música por algumas horas na quente tarde dominical. Uma tarde dedicada a sambas compostos e cantados por sambistas e nas rodas das escolas de samba
Mangueira e
Portela, "que sempre foram amigas, as primeiras dos velhos carnavais", explica-me o professor Carlos Alberto Silva.
Confraria do Samba e...
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Sindicatis, homenageando Mangueira e Portela |